Stetic Cris

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Vamos nos cuidar Mulherada!!!




Trabalho, filhos, marido, namorado, estudo, metas, objetivos, contas, dinheiro. São tantas as nossas prioridades que, em meio ao “caos”, a saúde acaba ficando em segundo plano. Vai dizer que você nunca deixou de ir ao médico quando precisava, de ter uma boa noite de sono por causa dos filhos ou do trabalho, ou simplesmente de cuidar de si mesma? Pare e pense: qual foi a última vez que você fez um check-up? Mas hoje é dia de pensar em você, de se organizar para poder sempre cuidar do seu bem-estar. No Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher, 28/05, a médica radiologista Maria Thereza Natel, do Centro de Diagnósticos Brasil (CDB), em São Paulo, lista os top 10 exames mais importantes para mulheres de faixas etárias variadas. Cuide-se!
1. Mamografia. “Trata-se de um exame que deve ser realizado anualmente por mulheres acima dos 40 anos ou se houver indicação clínica. Pacientes de alto risco, com histórico de câncer de mama na família, podem começar a realizar exames preventivos mesmo antes dos 35 anos”.
2. Papanicolau. “Independentemente do histórico sexual da paciente, o exame deve ser realizado regularmente a partir dos 18 anos para prevenção do câncer cervical. Segundo o Inca, este ano devem surgir mais de 18 mil novos casos da doença. Depois dos 30 anos, a maior frequência de miomas e de outras doenças relacionadas ao útero e aos ovários pode levar o médico ginecologista a solicitar também a ultrassonografia transvaginal”.
3. Exame colesterol e triglicerídeos. “Principalmente depois dos 40 anos, o exame de sangue para checagem das taxas de colesterol e triglicerídeos devem ser anuais, a fim de contribuir para a prevenção do infarto. Hoje, as doenças do coração fazem 300 mil vítimas ao ano, sendo metade mulheres.”
4. Exame de glicemia em jejum. “Trata-se de um importante exame de sangue que deve ser realizado com a paciente em jejum de pelo menos oito horas. Ao analisar a taxa de açúcar no sangue, é possível diagnosticar portadores de diabetes, doença crônica que melhor é administrada quanto mais precocemente for diagnosticada. Mulheres com mais de 45 anos – ou antes, se houver histórico da doença na família –, com taxas altas de colesterol e triglicérides, obesas, sedentárias e idosas pertencem ao grupo de risco”.
5. Controle da tireóide. “Depois dos 30 anos, as mulheres têm três vezes mais chances de desenvolver distúrbios da tireóide, principalmente o hipotireoidismo. Em alguns casos, a paciente começa a notar certa dificuldade em perder peso, queda acentuada de cabelo, enfraquecimento das unhas e maior sonolência. A doença pode ser diagnosticada por um simples exame de sangue em que são realizadas as dosagens dos hormônios tireoidianos T3, T4 e TSH. Entretanto, quando o médico endocrinologista suspeita da presença de nódulos, poderá sugerir a realização de exames complementares, como ultrassonografia, cintilografia ou mesmo uma biópsia”.
6. Densitometria óssea. “Depois dos 50 anos, ou ainda mais cedo, dependendo do histórico familiar, é recomendável realizar o exame de densitometria óssea a cada dois anos para se prevenir da osteoporose, que é uma doença silenciosa e ainda assim bastante agressiva – uma fratura pode comprometer totalmente a qualidade de vida da paciente”.
7. Eletrocardiograma. “Para quem não tem histórico familiar, pode começar a fazer parte da bateria de exames anuais a partir dos 50 anos. Dependendo das orientações do médico cardiologista, o eletrocardiograma deverá ser acompanhado dos exames abaixo”.
8. Autoexame da pele. “O câncer de pele é o que mais acomete homens e mulheres no Brasil. Somente nesse ano, mais de 60 mil mulheres serão diagnosticadas com a doença, embora apenas uma parcela ínfima vá apresentar o tipo mais agressivo. O uso diário de protetor solar e autoexame ainda são os melhores amigos das mulheres, que devem estar sempre atentas à presença de manchas disformes, pintas escuras ou malcheirosas. Em caso de dúvida, é sempre recomendável consultar um dermatologista. É comum os médicos encaminharem material para biópsia a fim de fazer um diagnóstico o mais preciso possível”.
9. Teste ergométrico. “Também chamado de teste de esforço, esse tipo de eletrocardiograma é utilizado como rastreador de alterações do ritmo cardíaco durante o esforço físico, frequentemente associadas à doença arterial coronariana e à angina, uma vez que muitos pacientes apresentam resultado normal no eletrocardiograma em repouso”.
10. Ecodopplercardiograma. “Trata-se de um ultrassom do coração que permite checar a anatomia do órgão, suas dimensões e a função de inúmeras estruturas cardíacas, assim como o fluxo sanguíneo. Com esse exame, é possível diagnosticar alterações relacionadas à hipertensão arterial, coronariopatias (artérias), miocardiopatias (músculo cardíaco) e disfunções nas válvulas do coração, por exemplo”

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Alongue-se!


Ao acordar, antes ou depois de praticar uma atividade física, ou para relaxar a musculatura após um dia estressante, o alongamento é fundamental para manter a boa-postura, evitar o encurtamento dos músculos e para não perder a mobilidade articular. Se você fizer apenas os exercícios de alongamento, mantenha-se na mesma posição por cerca de 30 segundos. Se você fizer os exercícios após a musculação ou atividade aeróbica, permaneça apenas 10 segundos em cada posição. Quem ensina é o personal trainer Wagner Alves da Silva.
Alongamento 1 – Deitada, estenda a perna direita para cima. Em seguida, segure uma toalha (deixando cada ponta em uma mão) e passe-a sobre a sola do pé que está no alto, forçando a ponta do pé em direção ao solo. Use a toalha para ajudá-la a forçar a coxa em direção ao peito, tencionando o mínimo possível os ombros (tentando manter os ombros sempre longe das orelhas). Repita o movimento com a outra perna. Nesse exercício, você alonga toda a parte posterior da perna.
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Alongamento 2 – Deitada, com os pés apoiados no chão e flexionados a um ângulo aproximado de 90 graus, cruze a perna direita sobre a esquerda, apoiando o pé sobre a coxa. Em seguida, abrace as duas segurando a perna esquerda. Repita o movimento com a outra perna. Nesse exercício, você alonga toda a parte posterior da perna.
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Alongamento 3 – Deitada, junte os pés e aproxime-os ao máximo do quadril. Em seguida, relaxe as pernas deixando os dois joelhos caírem nas laterais (cada um para um lado) alongando, assim, os adutores.
alongamento3
Aproveitando a mesma posição, traga o braço direito estendido em direção ao peito, posicione a mão esquerda no cotovelo direito e faça uma pressão até sentir o alongamento na região do ombro. Repita o movimento com o outro braço. Dessa forma, alongamos dois músculos e ganhamos tempo. Nesse exercício, você alonga os adutores dos membros inferiores e a musculatura dos ombros.
alongamento3.1
Alongamento 4 – De bruços, apoie as mãos no solo aproximadamente na linha dos ombros. Faça a extensão da coluna estendendo os braços, alongando toda a parede abdominal. Mantenha os ombros relaxados (longe das orelhas). Ao executar o movimento, você
não deve sentir nenhum desconforto. Após esse exercício, transfira o peso do corpo para trás, sentando em cima dos dois calcanhares, relaxando as costas, inclinando o tronco à frente com os braços estendidos, apoiando as mãos no chão. Nesse exercício, você alonga o abdome.
alongamento4
Alongamento 5 – Sentada, com as duas pernas estendidas, leve o queixo em direção ao peito, olhando para o seu umbigo. Posicione as duas mãos com os dedos entrelaçados na nuca, fazendo uma leve pressão. O movimento consiste em uma inspiração profunda (puxar o ar) e, no momento da expiração (soltar o ar), realize simultaneamente a flexão da coluna, tentando levar a testa em direção aos joelhos. Nesse exercício, você alonga toda a musculatura posterior.
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Alongamento 6 – Em pé, com os pés afastados na linha dos ombros, estenda o braço esquerdo em direção ao teto e mantenha
o direito ao lado do corpo. O movimento consiste em fazer uma flexão lateral da coluna para o lado direito, alongando a lateral esquerda. Repita o movimento para o outro lado. Nesse exercício, você alonga toda a lateral do tronco.
alongamento6
Alongamento 7 – Sentada com as duas pernas flexionadas e cruzadas, mantendo a postura bem ereta, leve a mão direita por cima da cabeça segurando na orelha esquerda. A mão esquerda deverá ficar apoiada no solo. Sem tencionar os ombros, puxe a cabeça levando a orelha direita em direção ao ombro direito, alongando, assim, a musculatura lateral do pescoço. Repita o movimento para o outro lado. Em seguida, relaxe o tronco levando as duas mãos ao solo. Nesse exercício você, alonga todos os inclinadores laterais da cervical.
alongamento7
Alongamento 8 – Em pé, apoie uma das mãos em uma parede mantendo os dedos voltados para trás. A mão ficará na mesma linha e altura do ombro. Vire o tronco para o lado oposto, fazendo uma rotação no ombro, olhando para o lado contrário ao do braço. Repita o movimento para o outro lado. Nesse exercício, você alonga o braço e o peito.
alongamento8
Alongamento 9 – Em pé, segurando uma toalha de rosto, leve os braços por trás da cabeça, sendo o direito por baixo e o esquerdo por cima. Segurando a toalha com as duas mãos, tente aproximá-las até que se encontrem. Repita o movimento invertendo a posição dos braços. Nesse exercício, você alonga braço e ombro.
alongamento9

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O que é Mielina?

O que é Mielina?

A mielina é uma bainha isolante que envolve as células nervosas...uma matéria branca que recobre nossos nervos, permitindo-os conduzir impulsos entre o cérebro e outras partes do corpo. Consiste de uma camada de proteínas entre duas barreiras de lipídeos.

A mielina é produzida por células especializadas: os oligodendrócitos, no Sistema Nervoso Central; e as células de Schwann, no Sistema Nervoso Periférico. As bainhas de mielina envolvem os axônios, as extensões finas e longas dos neurônios,que compõe as fibras nervosas. Cada oligodendrócito pode mielinizar diversos axônios.

A mielina pode ser destruída por desordens neurodegenerativas hereditárias, como as leucodistrofias, e por doenças adquiridas como a esclerose múltipla. Distúrbios desmielinizantes afetam mais de 2 milhões de pessoas ao redor do mundo.

O Projeto Mielina: Visão Geral

O filme traz a história real de Lorenzo Odone e seus pais, Augusto e Michaela, inventores do óleo e fundadores  do Projeto Mielina.

O Projeto Mielina foi estabelecido em 1989 com o objetivo de custear pesquisas para encontrar a cura para doenças desmielinizantes, como as leucodistrofias (que são genéticas) e a esclerose múltipla (que é adquirida). A organização foi fundada por Augusto Odone e suas esposa falecida , Michaela. Seu filho, Lorenzo, sofre  de Adrenoleucodistrofia ligada ao X (X-ALD), a mais comum das leucodistrofias. A história da luta dos Odones foi retratada no filme “O Óleo de Lorenzo” (Lorenzo’s Oil), com Nick Nolte e Susan Sarandon, lançado pela Universal Studios em 1992.

Um grupo multinacional de famílias juntou-se aos Odones em seus esforços. Atingidos por uma ou outra das doenças desmielinizantes, eles se recusaram a ser vítimas passivas, através do encorajamento da cooperação entre pesquisadores, e provendo recursos aos cientistas para custear pesquisas translacionais e clínicas. Enquanto o Projeto Mielina tomou medidas convencionais para avançar em pesquisas de remielinização, nós  tomamos o passo não-convencional ao encorajar a interação direta entre famílias e cientistas. Nós continuamente lembramos os cientistas de que existem pessoas aguardando tratamentos eficazes. Pesquisas têm focado em esforços para entender os mecanismos de restauração da mielina, com o foco de descobrir terapias que permitam a restauração de mielina defeituosa. Antecipa-se que estas permitirão ao menos uma restauração parcial das funções de pacienties que sofrem de perda de mielina.

A base do Projeto Mielina recentemente mudou-se para Amarillo, Texas, no campus do Centro de Ciências da Saúde da Texas Tech University, no Instituto de Pesquisas Femininas Laura W. Bush. O Projeto Mielina possui subsidiárias  na Alemana, Itália, Canadá e Inglaterra, bem como uma parceria ativa com a Associação Européia de Leucodistrofia, baseada na França. A presidenta  do Projeto, Margaret Weis, recebe remuneração simbólica, enquanto que os membros do conselho não recebem nada . Na Inglaterra, França, Alemana, Itália e Canadá, os membros do conselho também são voluntários.

Utilizando um enfoque motivado e eficiente para atingir objetivos específicos, o Projeto Mielina montou um Grupo de Trabalho dentre os maiores laboratórios internacionais especializados em restauração de mielina . O Grupo de Trabalho inclui pesquisadores das Universidades de Yale e de Wisconsin at Madison, dos  EUA; do Istituto Superiore di Sanità e do San Raffaele Scientific Institute, na Itália; do Hôpital de la Salpêtrière e do Instituto Pasteur, na França; da Universidade Queen's em Kingston, no Canadá; da Universidade de Cambridge, no Reino Unido; e do Instituto Max-Planck, na Alemanha.

O Projeto Mielina direciona seus recursos à experimentos de orientação clínica voltados às pesquisas de remielinização de ponta . Pesquisas básicas e estudos direcionados ao avanço da ciência por si só são excluídos dos financiamentos do Projeto .

Ficaríamos muito gratos se você considerasse nos ajudar. Dar suporte  ao nosso trabalho é não apenas  uma medida humanitária, como também pode fazer sentido do ponto de vista de negócios:
 
  • Nosso objetivo é manter nossos custos administrativos limitados a 20% das receitas totais, dependendo do ano.
  • Sua doação sera direcionada ao financiamento de experimentos de orientação prática conduzidos dentro do escopo  de um plano geral coerente. Todas as propostas de pesquisas são analisadas previamente por nosso painel de especialistas.
  • Prometemos que sua doação será bem gasta, provendo recursos àquelas propostas que tiverem maior probabilidade de gerarem resultados clinicamente relevantes.
O financiamento de experimentos é apenas um dos aspectos do Projeto Mielina. Em entrevista à revista People, o Dr. Ian Duncan , membro do Painel de Assessoria Científica e um dos cientistas do Grupo de Trabalho, disse “O Projeto Mielina nos deu mais do que dinheiro...ele nos deu inspiração...deu foco a  nosso trabalho e nos proveu de contexto humano.”

Doenças Desmielinizantes em Resumo

Doenças Desmielinizantes são aquelas em que a mielina é o alvo primário. Dividem-se em dois grupos: adquiridas (i.e. esclerose múltipla) e desordens hereditárias neurodegenerativas (i.e. leucodistrofias). Embora suas causas e etiologias são diferentes, elas possuem o mesmo efeito: desmielinização do SNC. Sem mielina, impulsos nervosos são retardados ou parados  completamente, levando a uma constelação  de sintomas neurológicos.

Axônios com mielina normal

Axônios desmielinizados: condução de impulsos nervosos reduzida ou completamente parada

Doenças Adquiridas
A mais comum é a esclerose múltipla (EM), que normalmente manifesta-se entre a idade  de 20 e 50 anos. Estimativas atuais apontam para um número de 2.5 milhões de pessoas mundialmente sofrendo de EM, sendo entre 250,000 e 350,000 casos nos EUA, 50,000 no Canadá, 130,000 na Alemanha, 85,000 no Reino Unido, 75,000 na França, 50,000 na Itlália e 11,000 na Suíça.

A ES  ataca a matéria branca  do Sistema Nervoso Central (SNC). Em sua forma de manifestação clássica (90% dos casos), caracteriza-se pela alternância de fases de relapso e remissão, com períodos cada vez mais curtos de remissão. Seus sintomas incluem combinações de paraplegia espástica, andar manco, diplopia e incontinência.

Desordens Neurodegenerativas Hereditárias

Esta categoria engloba as oito leucodistrofias identificadas: Leucodistrofia Metacromática, Doença de Refsum, Adrenoleucodistrofia, Doença de Krabbe, Fenilcetonúria, Doença de Canavan, Doença de Pelizaeus-Merzbacher e Doença de Alexandre. As seis primeiras são desordens de armazenagem . A falta ou o mau funcionamento de uma enzima causa o acúmulo tóxico de substâncias químicas. Na doença de Pelizaeus-Merzbacher, a Mielina nunca é formada (dismielinização), devido a uma mutaçao  no gene que produz a proteína básica da mielina do  SNC. A etiologia da Doença de Alexandre é ainda desconhecida.

O curso clínico das desordens desmielinizantes hereditárias, que normalmente manifestam-se na infância, é trágico. Crianças normais são desprovidas, em progressão rápida, da visão, audição, fala, e mobilidade. Igualmente trágico é seu prognóstico: morte dentro de poucos anos.

Atualmente, diversas agências governamentais e fundações privadas dão suporte à pesquisas relacionadas aos vários disturbios de  mielina. Alguns esforços dão foco na causa de doenças individuais; outros são direcionados ao desenvolvimento de terapias que pausem  o desenvolvimento da doença ou previnam a sua instalação.

Em compensação, pouca atenção está sendo dada ao problema de reparar o estrago já feito pela doença , e o restauro  das funções perdidas. São relativamente poucos os laboratórios trabalhando em remielinização, e seus programas são sub financiados . Adicionalmente, há grande competição entre os pesquisadores. Os laboratórios tendem a trabalhar de forma isolada, aprendendo sobre os progressos dos outros por artigos médicos que são normalmente publicados de um a dois anos após o término dos experimentos. Esta forma de atuar fragmentada é claramente não apropriada  ao restabelecimento da mielina do SNC, uma tarefa complexa que envolve caracterísitcas multi-disciplinares .

Escopo  e Estratégias

Escopo

Como a perda da mielina leva à redução ou bloqueio da condução dos impulsos nervosos, a regeneração da mielina logicamente restauraria esta condução naquelas  doenças para as quais já foram encontradas terapias capazes de parar  a desmielinização (i.e. Fenilcetonúria  e Doença de Refsum, que são tratáveis, principalmente por dietas restritas). Mas a regeneração da mielina pode também ser benéfica em doenças desmielinizantes para as quais nenhum tratamento efetivo ainda foi desenvolvido (i.e. Esclerose Múltipla). Ou seja, a nova mielina pode ser capaz de resistir ao ataque do agente desmielinizante primário, permanentemente ou por longo período de tempo.

Estratégias

Para atingir seus objetivos, o Projeto Mielina baseia-se em três estratégias principais: estímulo aos pesquisadores para trabalharem como um time e coordenando seus esforços de pesquisa; promovendo a interação entre pesquisadores e leigos; e direcionando seus recursos rapidamente a  experimentos orientados de forma prática.

As reuniões anuais do Grupo de Trabalho, bem como diversas teleconferências ao longo do ano compõem um fórum para a troca de informação a respeito do trabalho dos laboratórios-membro . Também servem para estabelecer ou fortalecer laços pessoais entre os pesquisadores, que agora indentificam-se como membros do mesmo time, e não competidores . Atualmente, os pesquisadores visitam seus laboratórios  e unem esforços para conduzir experiências . Eles também continuamente dividem  resultados sobre o progresso de seus estudos, até antes da publicação  .

A interação entre pesquisadores e leigos atingiu diferentes estágios. A presença de representantes informados das famílias em reuniões científicas (um breve lembrete de que o objetivo da pesquisa médica é salvar vidas humanas) serviu para dar aos pesquisadores motivação e foco  adicionais. Em algumas instâncias, nós ajudamos pesquisadores a resolver problemas práticos (i.e. auxílio em localizar e obter modelos animais raros).

O time  do Projeto Mielina considera um ponto essencial  o rápido trâmite  das requisições para financiamento de experimentos – em questão de semanas, ao invés de anos. São dois os  fatores que contribuem para reduzir o tempo de processamento:
  • Propostas são revisadas pelo Grupo de Trabalho, ao invés de comitês  externos, com uma inclusão ocasional de algum membro externo. Os revisadores possuem um prazo de 3 semanas para enviar seus comentários.
  • O Projeto Mielina é administrado de forma profissional, sem burocracia. Como são vítimas em si, ou parentes das vítimas de doenças desmielinizantes, os membros dos nossos conselhos de diretores estão naturalmente comprometidos em mover  as pesquisas no  passo mais rápido possível.

terça-feira, 18 de maio de 2010

ADL

O ÓLEO DE LORENZO


Heloisa Sobreiro de Araújo

Geralmente vivemos nossa vida da melhor forma possível, buscando nossa realização diariamente no estudo, no trabalho, no lazer, etc. Normalmente não pensamos nos riscos implícitos do fato de simplesmente viver. Quando subitamente somos confrontados com uma ameaça real à nossa vida e à nossa felicidade, percebemos como é efêmera a nossa permanência na Terra e como é pequena a nossa capacidade de mudar esta realidade. No entanto, este texto não trata de uma aceitação conformista de nosso destino, mas de uma avaliação de até onde podemos ir para tentar mudar uma realidade difícil.
O “Óleo de Lorenzo” é uma estória verdadeira, de um menino, Lorenzo Odone, que aos oito anos começou a demonstrar os sintomas de uma rara doença genética e incurável, a adrenoleucodistrofia (ADL). Quando seus pais foram informados deste terrível diagnóstico de seu filho único, não se conformaram e iniciaram uma batalha científica para melhor entender o “inimigo” invisível que lentamente destruía o cérebro de Lorenzo, deixando-o cego, surdo, paralítico, incapaz de engolir e de se comunicar. Ao invés de simplesmente ficarem sentados aguardando os resultados dos estudos médicos, eles decidiram estudar nos livros de medicina e nos poucos artigos científicos da época, tudo que pudesse ajudar na compreensão do mecanismo de ação desta doença e assim poder discutir com os médicos a melhor forma de tratamento para amenizar os sintomas de Lorenzo.
Os pais de Lorenzo se recusaram a aceitar passivamente este diagnóstico e passaram a se dedicar ao estudo dos mecanismos básicos celulares, em livros de cursos de medicina. Inicialmente buscavam aprender e entender como as células do nosso organismo funcionam, para isso, passavam dias e noites em bibliotecas, mergulhados em livros em uma época em que computadores pessoais e Internet eram palavras completamente desconhecidas. Quando eles acreditavam que haviam encontrado alguma informação relevante, procuravam médicos e professores dos cursos de medicina e discutiam com eles suas idéias, sempre buscando encontrar uma forma de tratamento que minimizasse o sofrimento de Lorenzo. A quantidade de dificuldades que encontraram foi enorme, desde o preconceito de médicos e professores por serem “leigos” em Bioquímica e Medicina, a impossibilidade de realização de testes em humanos de tratamentos ainda não autorizados pelo FDA (Food and Drug Administration – Órgão que fiscaliza a saúde nos Estados Unidos) e a dificuldade em achar parceiros químicos com competência para produzir a fórmula dos óleos que eles acreditavam que poderiam curar Lorenzo.
A ADL se caracteriza pelo acúmulo de ácidos graxos saturados de cadeia longa (principalmente ácidos com 24 e 26 carbonos) na maioria das células do organismo afetado, mas principalmente nas células do cérebro, levando à destruição da bainha de mielina, que protege determinados neurônios. Sem a mielina, estes neurônios perdem a capacidade de transmitir corretamente os estímulos nervosos que fazem o cérebro funcionar normalmente e aí surgem os sintomas neurológicos da doença. O óleo de Lorenzo é uma mistura de dois ácidos graxos insaturados, o ácido oléico (C18:1) e ácido erúcico (C20:1), cujo metabolismo se sobrepõe ao dos saturados, evitando assim o seu acúmulo. Para chegar a esta mistura, os pais de Lorenzo estudaram os resultados de muitas pesquisas na época, inclusive feitas em animais. Eles sabiam, por exemplo, que o óleo é tóxico para ratos, levando-os à morte, mas tiveram a coragem de ministrar em seu filho e mostrar ao mundo que o óleo é inofensivo aos humanos e que podia reverter e principalmente evitar os efeitos catastróficos da ADL. Enfrentaram e ainda enfrentam dificuldades com o FDA, que até hoje não autorizou o uso em humanos. Devido a essas dificuldades, o óleo é hoje produzido por uma companhia inglesa, e o Sr. Odone não recebe nenhuma porcentagem das vendas do produto, apesar de ter sido o seu idealizador. O reconhecimento dos seus estudos pela comunidade científica e acadêmica resultou no título de Doutor honoris causa por sua imensa contribuição à ciência e à medicina.
Hoje Lorenzo está com 28 anos e apesar das suas limitações, consegue se comunicar pelo piscar de olhos e movimento dos dedos. Gosta de música e ouvir estórias. As crianças diagnosticadas com ADL na mesma época que Lorenzo e que não receberam o tratamento do óleo não chegaram à idade adulta. Lorenzo não se curou porque as lesões no sistema nervoso central deixaram seqüelas permanentes mas a doença estacionou. Porém o mais significativo dos fatos foi a prevenção do desenvolvimento dos sintomas nos novos casos diagnosticados. Os pais de Lorenzo ainda fundaram o “Projeto Mielina”, uma fundação que tenta concentrar esforços nos estudos das doenças relacionadas à mielina. Para saber mais, acesse www.myelin.org.
O “Óleo de Lorenzo” é uma estória real de coragem, determinação e dedicação.

Ficha técnica
Nome: O Óleo de Lorenzo (Lorenzo's Oil)
Elenco: Nick Nolte, Susan Sarandon, Peter Ustinov
Direção: George Miller
Autor(a): Heloisa Sobreiro Selistre de Araújo é professora Associada I do Departamento de Ciências Fisiológicas da Universidade Federal de São Carlos.